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Para Antônio Bispo dos Santos – Nêgo Bispo

O ENCONTRO

“Nós não temos cultura, nós temos modos – modos de ver, de sentir, de fazer as coisas, modos de vida”.
Nêgo Bispo

O encontro Na Gira do Tempo: 65 anos do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular acontecerá do dia 5 a 9 de setembro. Será um dos marcos celebrativos de aniversário do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP/Iphan), ocupando os espaços do próprio Centro e do jardim do Museu da República. Convidamos você a se juntar conosco nesses dias para refletir e dialogar sobre o campo das culturas populares.

Estarão reunidos mestras e mestres, pesquisadores, representantes de comunidades e grupos de cultura popular, para debater temas diversos relacionados a esse campo. Serão dias intensos de rodas de conversa e debates, visitas conversadas à exposição de longa duração do Museu de Folclore Edison Carneiro, “Os objetos e suas narrativas”, apresentações culturais e shows. Haverá emissão de certificado de participação.

As rodas de conversa são um convite ao público para construir conosco um espaço de provocação para o CNFCP repensar sua missão institucional hoje, a partir de temas fundamentais para o campo: pesquisadores orgânicos, pesquisa com engajamento político e social, desconstrução das estruturas colonizadoras a partir da perspectiva de outras cosmologias, oralidade como dimensão estruturante, os transbordamentos dos contornos de arte e cultura popular, os debates em torno da constituição e acessibilidade de acervos, entre outros.

O encontro ocorrerá em conjunto com o Mercado Brasil de Artesanato Tradicional, realizado pela Associação de Amigos do Museu de Folclore Edison Carneiro (Acamufec), que reunirá 65 artistas e comunidades de produção tradicional de diferentes regiões do país, que realizarão oficinas e conversas com os visitantes. Na abertura será ainda inaugurada uma exposição das fotografias vencedoras do Prêmio Mário de Andrade 2022. 

O evento é uma realização do CNFCP/DPI/IPHAN, em parceria com a Acamufec e a Fundação Nacional de Artes (Funarte) e com o apoio do Museu da República/IBRAM e da ONG Casa Santos Reis.

PROGRAMAÇÃO

10h – Abertura da Exposição de Fotografias na Galeria do Terceiro Andar:

Prêmio Mário de Andrade de Fotografias Etnográficas

12h – Abertura do Mercado Brasil de Artesanato Tradicional

16h às 18h – Boas-vindas:

Cortejo de Folia de Reis – A brilhante estrela do Oriente, RJ

Mesa de Abertura

18h às 19h – Diálogo Inspirador:

Conversa dya Nganga – Pedrina de Lourdes Santos, Capitã da Guarda de Masambike de Nossa Senhora das Mercês de Oliveira, MG

19h30 às 20h30 – Apresentação Artística:

Mestre Bule Bule, BA

9h às 9h30 – Saudando as Rodas:

Rafa Barros e Claudia Ferreira

9h30 às 12h30

1ª RODA: O Começo, o meio e o começo
Com o título confluindo em homenagem a Nêgo Bispo, a roda vai abordar historicamente a construção e as transformações conceituais do campo de estudos, os reflexos nas políticas públicas e na institucionalidade para as culturas populares e tradicionais na trajetória do CNFCP e com os desafios postos para o campo de atuação.

Maria Laura  Cavalcanti
Márcia Sant’Anna

Alessandra Ribeiro
Mediação:  Martha Abreu

10h às 11h – Oficinas artesanais com artistas presentes no Mercado Brasil

13h às 14h – Exposição Os objetos e suas narrativas – visita conversada por Leticia Vianna

14h30 às 17h30

2ª RODA: Palavras cantadas, memórias vívidas
A conversa vai tratar da importância da oralidade e da musicalidade, que marcaram os primeiros estudos no campo do folclore e da cultura popular no Brasil, e que seguem despertando interesse de pesquisas e mobilização social em torno da força da palavra, da ancestralidade, dos sentidos e significados dos conhecimentos tradicionais.

• Tereza Amarília Flores e Johnn Nara
• Marco Haurélio Farias
• Anthony Seeger
Mediação: Edilberto Fonseca

15h às 16h – Oficinas artesanais com artistas presentes no Mercado Brasil

17h30 – Lançamento de livros

 Sortilégios do registro: Aires da Mata e os vissungos em Minas Gerais, de Oswaldo Giovaninni Jr. 
 Festa, vida e morte, entrecruzamentos cosmológicos nos Reinados do Rosário, de Joana Ortigão Corrêa
 Vissungo com angu, de Rudá K Andrade. 
 A paixão pela memória: imagem, ritual e teatro em Ouro Preto, de Edilson Pereira
 A peregrinação das coisas: trajetórias de imagens de santos, ex-votos e outros objetos de devoção, de Lilian Alves Gomes
 Vozes e mandamentos, de Juliana Garcia

18h às 20h30 – Apresentações Artísticas:

Roda de choro com professores da Casa do Choro, RJ

Roda de Samba com o Grupo Jequitibá, RJ

9h30 às 12h30

3ª RODA
: Em cofre não se guarda coisa alguma

Essa Roda vai girar sobre a constituição e preservação de acervos que exigem investimentos de fôlego, projetos e programas de pesquisa e difusão, ações educativas, e são matéria-prima da memória: para que e para quem servem as narrativas dos objetos-documentos?

• Marco Antônio Gonçalves
• Dane de Jade
• Luiz Antônio de Oliveira e Claudia Rose Ribeiro da Silva
Mediação: Lygia Segalla

10h às 11h – Oficinas artesanais com artistas presentes no Mercado Brasil

12h30 às 14h – Mar Amazônia Silvan Galvão e Grupo, PA

13h às 14h – Exposição Os objetos e suas narrativas – Visita conversada por Letícia Vianna

14h30 às 17h30

4ª RODA: Cosmologias dos fazeres
A roda vai dar evidência aos sentidos e modos de fazer que perpassam várias camadas e conceitos de cultura, arte e artesanato de tradição popular, inspiração que alimenta o Programa da Sala do Artista Popular há 40 anos, com pesquisa, documentação e difusão.

• Neida Maria Pereira
• Hélio Leites
• Sandra Benites
Mediação: Ricardo Gomes Lima

15h às 16h – Oficinas artesanais com artistas presentes no Mercado Brasil

18h30 às 20h30 – Apresentação Artística:

 Sérgio Pererê e a Irmandade Os Ciriacos, MG

9h30 às 12h30

5ª RODA
: Festa é luta! Culturas tradicionais, territórios e direitos

A conversa dessa roda vai abordar a relação das expressões das culturas tradicionais e seus protagonistas com os conhecimentos acumulados e suas lutas por direitos na interação com o território, a natureza e a cultura.

• Ana Claudia Matos
• Dauro Marcos do Prado
• Luciana Carvalho
• Mediação: Joana Correa

10h às 12h – A fazenda de Dona Quitéria (espetáculo de teatro de mamulengos) – Grupo Mamulengo Flor do Mulungu, PE

15h às 16h – Oficinas artesanais com artistas presentes no Mercado Brasil

15h às 20h – Domingo em Festa:

DJ Orkidia, RJ

15h30 Senhora das Folhas – Áurea Martins, RJ

17h30 No Rastro de Catarina – Cátia de França, PB

14h às 17h – Arremate

Palestra “Arquivos, etnografia e música: patrimônio cultural imaterial”, com Anthony Seeger, curador emérito do Centro de Folclore e Patrimônio do Instituto Smithsonian

Com apresentação de Maria Laura Cavalcanti e mediação de Felipe Barros.

Parceria: PPGSA/IFCS/UFRJ e IFRJ

 

CONVIDADOS

Antropóloga, Professora titular na UFRJ, no Programa de Pós-graduação em Sociologia & Antropologia  do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais. Foi Fulbright Scholar na Universidade de Columbia onde preparou o livro Rivalidade e afeição: ritual e brincadeira nos Bumbás de Parintins, Amazonas. Dedicou também  especial atenção ao carnaval. Seu livro Carnaval carioca: dos bastidores ao desfile, resultante de seu doutoramento, acompanha a confecção do carnaval de 1992 da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel. Dedica-se atualmente ao estudo das vertentes formadoras da antropologia no país entre as quais encontram-se os estudos do folclore e das tradições populares.

Arquiteta e urbanista, professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e membro do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural/IPHAN.

É Historiadora e Urbanista pela PUC CAMPINAS tendo estudos voltados para a Matriz Africana: territórios, memória e representação. É  gestora cultural da Casa de Cultura Fazenda Roseira, Mestre e Liderança da Comunidade Jongo Dito Ribeiro em Campinas, Mãe de Santo Umbandista, Coord. da Pós Graduação em Matriz Africana – Lato Sensu –  e consultora especializada em estudos sobre gestão cultural de espaços públicos compartilhados e patrimônio cultural imaterial.

Realiza palestras, workshop e formações no Brasil, Peru, Moçambique, África do Sul, Noruega e participa de comissões de avaliação e formação em comunidades para projetos voltados para cultura negra e salvaguarda do patrimônio imaterial, cartografia social e lei 10639/03 Educação Anti Racista, cultura da paz e em 2020 lançou o livro Jongo e Ancestralidade na Perspectiva dos Detentores, sendo a  1a mulher negra candidata à Prefeitura de Campinas.

É integrante dos Grupos de Pesquisas: MULTITÃO do LABJOR-Unicamp; GEPEJA – Unicamp  na linha Matriz Africana.

Representou o Brasil no CRESPIAL da UNESCO pelo eixo  patrimônio imaterial, participou da escrita da II Carta de Fortaleza para salvaguarda de bens registrados e atualmente é membro do Conselho Consultivo do IPHAN (representante da sociedade civil).

Professora do Programa de Pós-graduação de História da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisadora no campo da cultura popular e música negra.

Doutora em Antropologia Social pelo Museu Nacional da UFRJ. As áreas de atuação, interesse e publicação são: antropologia urbana, antropologia ecológica, cultura de massa, cultura popular, folclore, arte popular, patrimônio cultural, educação inclusiva e política pública. Trabalhou por seis anos no Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular/CNFCP como coordenadora de projetos (2001-2006); tem atuado desde 2009 como consultora da UNESCO no campo do patrimônio cultural junto ao IPHAN e ao Governo do Distrito Federal; e junto ao Museu Nacional da UFRJ, como pesquisadora para novas exposições após o Incêndio de 2018. Desde 2014 atua no INCTI/UnB/CNPq no monitoramento do Encontro de Saberes nas Universidades Brasileiras.

Rezadora, agricultora, cantora, conhecedora e manipuladora de plantas medicinais.

Jhonn Nara Gomes da etnia Kaiowá, mora na retomada do TekohaGuaiviry , no município de Aral Moreira a 36 km da fronteira do Brasil com Paraguai, formada como cineasta indígenas deste 2014 juntamente com o seu coletivo Guahu’iGuyraKuera (Encanto dos pássaros). É acadêmica indígena, pesquisadora, tradutora e também faz parte da RAJ (Retomada Aty Jovem), grande assembleia dos jovens Guarani e Kaiowá no estado de Mato Grosso do Sul.

Escritor, folclorista e pesquisador das tradições populares do Brasil. Tem mais de cinquenta livros publicados, a maior parte dedicada à literatura para as infâncias, sendo a Literatura de Cordel o gênero mais frequente. Boa parte de sua obra é voltada para a divulgação dos contos de tradição oral, base de sua formação cultural, iniciada ainda na infância, passada na Ponta da Serra, localidade rural encravada no alto sertão da Bahia, no município de Igaporã. Autor, entre outros, de Contos Folclóricos Brasileiros, Contos e Fábulas do Brasil, Tristão e Isolda em Cordel, O Dragão da Maldade e a Donzela Guerreira, A Jornada Heroica de Maria, Contos Encantados do Brasil e Meus Romances de Cordel. Recebeu importantes distinções como os selos Seleção (Cátedra-Unesco da Puc-Rio) e Altamente Recomendável, da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil. É ainda cocurador da mostra Vidas em Cordel do Museu da pessoa e idealizador do projeto multimídia Encontro com o Cordel.

Etnomusicólogo, curador emérito do Centro de Folclore e Patrimônio do Instituto Smithsonian.

 

Professor Adjunto do curso de Produção Cultural da Universidade Federal Fluminense. É bacharel em Violão (UFRJ/1999) tendo feito o mestrado sobre a rítmica do candomblé ketu-nagô no Rio de Janeiro (UNIRIO/2003) e doutorado sobre o terno de reis dos Temerosos da cidade de Januária/MG (UNIRIO/2009). É pós-doutor e pesquisador associado ao Laboratório de Etnomusicologia/UFRJ. Entre 1988 e 1991, coordenou o processo de escolarização do grupo indígena Waimiri-Atroari em Roraima (PWA/FUNAI). 

De 2003 a 2010, atuou como pesquisador do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular/IPHAN na patrimonialização da Viola de Cocho e nos inventário dos processos de construção de instrumentos musicais tradicionais do médio rio São Francisco-MG. Coordenou o Ponto de Cultura “Música e Artesanato” (2005-2008), pesquisando a cultura popular da região da cidade de Januária no norte de Minas Gerais. Foi professor do Instituto de Artes da UERJ (2006/2008) e, como servidor federal, atuou como Técnico em Assuntos Culturais do Museu Villa-Lobos/IBRAM entre 2011 e 2014. 

Desde 2017, trabalha com o grupo de pesquisadores da UFF no projeto Encontro de Saberes (INCTI/UnB), que visa inserir mestres das culturas populares e tradicionais como professores na universidade. Tem produzido pesquisas e publicações nas áreas de etnomusicologia, culturas populares, patrimônio imaterial, musicalidades afro-brasileiras, diálogos epistêmicos em música, produção cultural e colonialidade.

Professor Titular de Antropologia da UFRJ. Seus temas de pesquisa e publicação são Antropologia Visual, Etnologia Indigena e Cultura Popular.

Atriz-pesquisadora e Gestora Cultural.

Doutoranda em Estudos Artísticos, Teatro e Performance pela Universidade de Coimbra/PT. Idealizadora da Mostra Sesc Cariri de Culturas, Festival Internacional de Máscaras do Cariri/FIMC e Mostra Luso-Brasileira de Culturas. Fundadora da ONG BEATOS. Realiza curadoria para Festivais, editais e projetos culturais. Vencedora do Prêmio Cláudia 2012/Categoria Cultura. Secretária de Cultura de Crato (2013/2016). Diretora Vila da Música e Coordenadora do Escritório Regional de Cultura(2017/2023). Curadora do Prêmio Shell de Teatro – Categoria Nacional. Integrante das Redes Culturas Populares e Tradicionais e Rede de Festivais do Brasil. Coordenadora do Pontão Rede de Culturas Populares e Tradicionais.

Graduado em Historia pela PUC-Rio e mestrando em Sociologia Política pelo PPGSP/UENF. Co-fundador do Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré e do Museu da Maré, onde atua como diretor. Co-fundador do Fórum dos Pontos de Cultura do Estado do Rio de Janeiro. Experiência em Memória Social, com ênfase em estudos sobre História Oral, Inventário Participativo e Museologia Social. Organizou oficinas sobre Memória Social no Encontro de Museus Comunitários da Colômbia, em Cartagena; no Encontro de Museus Comunitários na Cidade de Cuernavaca, no México e em diversas cidades no Brasil e no exterior. Realizou intercâmbio, pelo Museu da Maré, com o District Six Museum, na Cidade do Cabo e com Imagine IC em Amsterdam e Rotterdam. Conselheiro do MINOM – Movimento Internacional para uma Nova Museologia na gestão 2012-2016.

Nasceu na Baixa do Sapateiro, uma das comunidades que faz parte da favela da Maré, no Rio de Janeiro, Brasil. É graduada em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ); mestre em Bens Culturais e Projetos Sociais pelo Programa de Pós-graduação em História, Política e Bens Culturais do CPDOC/FGV-RJ; professora de História da Rede Pública do município do Rio de Janeiro; co-fundadora do Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (CEASM) e do Museu da Maré. Entre 2009 e 2011, foi chefe do Núcleo de Museologia Social do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). Atualmente, é coordenadora do Museu da Maré; integrante do grupo de articulação da Rede de Museologia Social do Rio de Janeiro (REMUS-RJ) e do Conselho Consultivo da Casa de Oswaldo Cruz (COC/FIOCRUZ).

Professora na UFF, pesquisadora-associada do Programa de Memória dos Movimentos Sociais (Memov) do Colégio Brasileiro de Altos Estudos da UFRJ, coordenadora do Grupo de Pesquisa Antropologia e Educação do Laboratório de Educação e Patrimônio Cultural da UFF. 

Artesã da palha do tucumã na região de Arapiuns, PA.

Hélio Leites é poeta, performer e bottom-maker. Trabalha com objetos como caixinhas de fósforo, botões, rolhas, latas, madeira e restos de material entalhado que, por suas mãos,  transformam-se em personagens que contam histórias, prendendo a atenção de crianças e adultos.

As criações expõem sentimentos, ensinam literatura, discutem valores, educam, emocionam e criam laços entre as pessoas, por meio de objetos feitos a partir de lixo. É possível conhecer a história da humanidade nos botões pendurados, chamados carinhosamente por Leites de “parangohélicos” – termo que se refere aos parangolés, criados pelo artista plástico brasileiro Hélio Oiticica, na década de 60. Em um dos espetáculos manipula bonequinhos que ficam na aba do seu boné e contam, por exemplo, a história do descobrimento do Brasil.

“Comecei a trabalhar com esses materiais no dia em que eu descobri o que havia sobrado pra mim. Mas sempre tive interesse por esse ‘lixo’. Com mais ou menos sete anos, eu olhava o cabo da vassoura e pensava em uma sereia. Foi meu primeiro boneco”, relembra o artista. Todas as suas obras possuem nomes e, principalmente, uma história. “Sermão aos peixes”, “Nossa Senhora da Luz dentro da caixa de fósforo” e “Finalizador de TPM”, são alguns dos trabalhos mais vendidos. Já “Canonização de Santa Helena Kolody”, “Sócrates”, “Duas mortes de São Sebastião” e “Auto de Natal“ são invendáveis e vão compor um novo projeto de Leites: uma galeria ambulante com peças que o artista não vende, prestando assim uma homenagem à memória do artesão.

A galeria ambulante é o segundo projeto do artista no estilo. Em 1984, Leites fundou o Museu Casa do Botão, sediado na capital paranaense, mas sem prédio fixo. O museu é portátil e cabe em uma mala, acompanhando o artista pelos diversos cantos do país. Está todo domingo na Feirinha do Largo da Ordem, em Curitiba, no setor histórico.

A obra de Leites não é estática, vai a escolas, praças, feiras e a muitos outros lugares. É munida de um enorme potencial educativo, suscitando ideias e reflexões que vão desde a literatura, ecologia, até conceitos do esporte, tudo por meio da arte e da história do artista. “Mínimos” retrata, nas palavras de Leites, “a história de um artesão lutando com caixinhas de fósforo, palitos de sorvete e outras miudezas, tentando consertar o jeito do mundo se enxergar e se aceitar”.

 

Ativista, pesquisadora, curadora artística e educadora indígena do povo Guarani Nhandewa. Diretora de Artes Visuais da FUNARTE

Pesquisador no campo da cultura popular, coordenou o Programa SAP por muitos anos.

Quilombola da comunidade Mumbuca no Jalapão, TO, é doutoranda em Direitos Humanos e Cidadania pela UnB.

Líder da União dos Moradores da Jureia, município de Iguape, SP, e representante caiçara na Comissão Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais.

Pós-doutora em Antropologia na UnB, professora na Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) e na Universidade Federal do Pará (UFPA), líder do Grupo de Pesquisa Diversidade Cultural, Território e Novos Direitos na Amazônia e membro do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural/IPHAN.

Antropóloga e gestora cultural, articuladora da Rede Nacional de Culturas Populares e Tradicionais.

Mestra Pedrina de Lourdes Santos é Capitã da Guarda de Masambike de Nossa Senhora das Mercês de Oliveira, MG e reconhecida como pesquisadora com grande conhecimento em cantos e oralidade em línguas africanas de matriz banto, em história e cultura afro-brasileiras, sobretudo, no que se refere às artes rituais do Reinado de Nossa Senhora do Rosário, e como pensadora negra sobre relações étnico-raciais.

ARTISTAS

Uma viagem ao mundo do Repente, do Cordel e da sua própria carreira: esta é a proposta da perfomance “Um Punhado de Cultura Popular”, uma conversa versada e cantada com o Mestre Bule- Bule. Trata-se de um passeio dentro da cultura popular, que levará os espectadores a conhecer um pouco mais sobre a vida e a obra deste grande artista baiano, nascido na cidade de Antônio Cardoso, conhecido como o maior repentista da Bahia, excelente cordelista e exímio sambador e tiraneiro. O espetáculo é uma viagem pelo rico emaranhado de histórias presentes no repertório de um dos principais mestres de cultura popular do país.



A Roda da Casa do Choro é formada por Ana Rabello (cavaco), Joaquim Simões (trompete), Julião Pinheiro (violão de sete cordas), Magno Julio (pandeiro), Marlon Julio (violão) e Tiago Souza (bandolim).



A Roda de Samba Jequitibá é formada por Anderson Balbueno (pandeiro), Bidu Campeche (percussão), Iuri Bittar (violão), Jefferson Scott (percussão), Julião Pinheiro (violão de sete cordas) e Ronaldo Gonçalves (cavaco). Formado em 2011, no Rio de Janeiro, o grupo Jequitibá se destaca pela maneira como preserva e perpetua o legado de grandes mestres do samba e da música popular brasileira através de seu repertório, e pela presença de convidados ilustres que marcam as suas rodas de samba, como Áurea, Martins, Nilze Carvalho, Nei Lopes, Monarco, Zé Luiz do Império, João Cavalcanti, Marcos Sacramento, João Martins, entre outros.

Silvan Galvão apresenta nos palcos um trabalho autoral que explora, além do carimbó, um panorama de ritmos da cultura popular da Amazônia. Utiliza instrumentos tradicionais como banjo, curimbós, maracas e sopros, somados com violão, guitarra, bateria e pedais eletrônicos de loop, apresentando o carimbó ora tradicional “pau e corda”, ora contemporâneo. Como setembro é o mês da Amazônia, o show que apresentará se intitula “Mar Amazônia”.

Sérgio Pererê é cantor, compositor, multi-instrumentista, ator e diretor musical. Seu trabalho autoral é reconhecido pelo diálogo que estabelece entre a tradição e a experimentação, pela profusão de sonoridades – com destaque para as referências afro-latinas –, e pelo timbre peculiar de sua voz. Sua poesia sofisticada entrelaça temas cotidianos a enunciados metafísicos e elementos do sagrado de matriz africana, como o culto à ancestralidade e aos orixás. Já se apresentou em várias regiões do Brasil e em países como Canadá, Áustria, Espanha, Moçambique, China e Argentina. Sérgio Pererê considera-se amadrinhado pelas raízes banto de Minas Gerais.

Antônio Muniz, capitão-mór da Irmandade Os Ciriacos, assim conta sobre eles: “Essa Guarda de Moçambique chegou até as mãos de meu pai da seguinte maneira: eu não era nem nascido e essa guarda já existia lá no Retiro, prá lá de Contagem. Essa guarda já existia nas mãos dos Carolinos. O velho, então, faleceu. O filho dele pegou tudo o que estava lá e trouxe pra cá pra poder dar seguimento ao trabalho do pai. Então tinha essa guarda de congo, foi lá que eu dei meu primeiro passo de Reinado, lá que aprendi. Eu estava com sete anos. Acho que já tinha nascido com dom mesmo. Às vezes eu entrava na fileira, fazia uma voz lá, daí Joaquim Anselmo falou: Ó Ciriaco, deixa o Tonho ir lá pra casa, ficar uma semana comigo. E durante uma semana, à noite, ele chamava o pessoal, aquele povo mais velho, formava a guarda e começava a me ensinar a fazer as embaixadas para puxar meu pai que tinha sido coroado rei de ano. Eles me praticaram, quando foi no final da semana, ele passou cá em casa e falou com meu pai: Ele vai dançar de capitão! Lá no portão já fiz a embaixada pedindo licença pro dono da casa, vim trazendo a guarda. Quando chegou no meio do terreno, fiz a embaixada saudando as coroas festeiras. Caminhei até a porta, fiz outra embaixada, convidei o rei e a rainha que se apresentassem. Fiz tudo o que tinha que ser feito. E a gente ajudava lá e eles ajudavam cá. Papai ajudou a fazer a festa deles por dois anos e aí ele entregou tudo a papai e foi pra São Paulo. A data que isso aconteceu, que essa Guarda de Moçambique passou a ser da minha família, foi em 1954. A primeira vez que essa guarda bateu como do meu pai foi no dia 03 de maio. Então, são mais de cinquenta anos de Reinado.”

O grupo “Mamulengo Flor do Mulungu”, de Glória do Goitá (PE), apresenta o espetáculo “A fazenda de Dona Quitéria”, produzido por Edjane Mamulengueira (Mestra Titinha), que através do bom e inteligente humor do Teatro de Bonecos Popular do Nordeste, também conhecido como Mamulengo, carrega segredos de uma técnica e estética que sobrevivem ao tempo e ao espaço. O grupo foi fundado em 2020 por mestra Titinha, que via a necessidade de unir as brincantes e bonequeiras para apresentar um autêntico mamulengo tradicional formado apenas por mulheres, quebrando o tabu de que mulher não pode fazer parte dessa tradição.

DJ Orkidia é uma pesquisadora musical renomada e experiente, com duas décadas de atuação na cena musical brasileira e nos ritmos afro. Sua abordagem única combina eletrônico e orgânico, fundindo percussões ao vivo com sonoridades que homenageiam a MPB e a música preta brasileira, trazendo uma atmosfera moderna e vibrante aos seus sets.



A consagrada artista Áurea Martins apresenta o show “Senhora das Folhas”, mesmo nome do álbum lançado em 2022. Nesse trabalho, Áurea encarna o feminino curador em canções que homenageiam as rezadeiras, curandeiras e benzedeiras do Brasil, mulheres-matriz fundamentais no esgarçado tecido social deste país profundo. Cantora única, com mais de 50 anos de carreira e nascida no contexto da bossa-nova, é uma das únicas cantoras negras da cena. Aos 84 anos, segue cheia de vigor e energia telúricos, realizando projetos com parceiros cinco décadas mais jovens. “A vida toda tive que me reinventar”.



“No Rastro da Catarina” é o show que será apresentado pela multiartista paraibana Cátia de França. Além das composições inéditas que integram o álbum homônimo lançado em 19 de abril deste ano, traz os clássicos de sua carreira, como “Kukukaya” “Coito das Araras”, “Estilhaços” e “20 Palavras”. Desde um de seus primeiros poemas de amor, ‘Indecisão’, escrito quando tinha 14 anos de idade e só agora musicado, ao mergulho em sua velhice com ‘Malakuyawá’, cantando sobre seus cabelos brancos, veias aparentes e sorriso sem dentes, ‘No Rastro de Catarina’ é uma obra emblemática que expõe a poética e sonoridade múltipla de Cátia de França em mais de meio século de carreira.

MERCADO BRASIL DE ARTESANATO TRADICIONAL

O Mercado Brasil de Artesanato Tradicional é realizado pela Associação de Amigos do Museu de Folclore Edison Carneiro (Acamufec), em parceria com o CNFCP/Iphan, e apresentará, de 5 a 8 de setembro, as obras de 65 comunidades artesanais e artistas de regiões diversas do país. São objetos de decoração, vestuário, utilitários e acessórios que estarão em exposição e à venda, no jardim do Museu da República. A entrada é gratuita. 

O Mercado apresenta o melhor do artesanato popular brasileiro que já esteve exposto na Sala do Artista Popular(SAP) do CNFCP. De diferentes matérias -primas, como barro, madeira, ferro, papel, fios e fibras, as peças estão à venda com o objetivo de fomentar o comércio sem intermediários entre artesão e consumidor e gerar renda a quem produz. 

Haverá ainda uma programação de sete oficinas de artesanato, com os próprios artistas de diferentes localidades:

Cerâmica do Vale do Jequitinhonha, com Maria Aparecida Gomes dos Santos, da Associação de Lavradores e Artesãos de Campo Alegre, e Vilma Gomes dos Santos, da Associação dos Artesãos da Comunidade de Coqueiro Campo, ambas em Turmalina(MG) – dia 05/09, das 15h às 16h;

Trançados de Buriti, com Iraci Vilar Pereira e Nizete Santos Carvalho, da Cooperativa dos Artesãos dos Lençóis Maranhenses(ArteCoop), de Barreirinhas(MA) – dia 06/09, das 10h às 11h;

Xilogravura, com Erivaldo Ferreira, do Rio de Janeiro(RJ) – dia 06/09, das 15h às 16h;

Escultura em madeira, com Louco Filho (Celestino Gama da Silva), de Cachoeira(BA) – dia 07/09, das 10h às 11h;

Acessórios feitos de rede, com Rosani Raffi Schiller e Viviane Campos, da Associação das Redeiras do Extremo Sul, Pelotas(RS) – dia 07/09, das 15h às 16h;

Bordados, com Sávia Dumont, Iraides Mendes e Natalha Porto, do coletivo Matizes Dumont – dia 08/09, das 10h às 11h;

Objetos feitos com sucata, com Hélio Leites de Curitiba(PR) e Willi de Carvalho, de Monte Alegre do Sul(SP) – dia 08/09, das 15h às 16h.

CERÂMICA

Figureiros de Taubaté, SP

Cerâmica de Campo Alegre, Alto Jequitinhonha, MG

Cerâmica de Coqueiro Campo, Alto Jequitinhonha, MG

Cerâmica de Barra, BA

Cerâmica de Poxica, Itabaianinha, SE

Cerâmica de Maragogipinho, Aratuípe, BA

Cerâmica de Santana do Araçuaí, Ponto dos Volantes, MG

Cerâmica do Vale do Ribeira, SP

Cerâmica de Cascavel, CE

Cerâmica de Passagem, Barra, BA

Cerâmica de São Gonçalo Beira Rio, Cuiabá, MT

Família Vitalino, Caruaru, PE

Família Zé Caboclo, Caruaru, PE

Cerâmica de Coqueiros, Maragogipe, BA

Família Maria de Lourdes Cândido, Juazeiro, CE

Cerâmica Xakriabá, São José da Missões, MG

 

RENDAS E BORDADOS

Bordados de Rio de Contas, BA

Renda irlandesa de Divina Pastora, SE

Matizes Dumont, Pirapora, MG

Renda de bilro de Alcaçuz, Nísia Floresta, RN

Renda filé de Marechal Deodoro, AL

Bordados do Seridó, RN

 

BRINQUEDOS

Mamulengos de Glória de Goitá, PE

Caleidoscópios de Giovanni Bosco, Paulista, PE

Bonecas Negras Abayomi, Rio de Janeiro, RJ

Brinquedos de miriti em Abaetetuba, PA

Bonecas de pano de Esperança, PB

Bonecas de pano de São Cristóvão, SE

 

FIBRAS/TRANÇADOS

Trançados de buriti, Barreirinhas, MA

Trançados de arumã, Novo Airão, AM

Trançados de tucumã, Rio Arapiuns, Santarém, PA

Doralice Horn, palha de milho, Mafra, SC

Trançados de sisal, Valente, São Domingos e Araci, BA

Trançados de ouricuri em Saubara, BA

Artesanato Baniwa, São Gabriel da Cachoeira, AM

 

PINTURA/GRAFITI

Lourdes Ferraz, Rio de Janeiro, RJ

Ermelinda Almeida, Rio de Janeiro, RJ

Barbara Deister, Rio de Janeiro, RJ

Airá, Rio de Janeiro, RJ

Carmem Paixão, Rio de Janeiro, RJ

Marcelo Ment, Rio de Janeiro, RJ

Willi de Carvalho, Monte Alegre, SP

 

MADEIRA

Artistas de Juazeiro do Norte, CE

Escultores de Divinópolis, MG

Família Antônio de Dedé, Lagoa de Canoa, AL

Louco Filho (Celestino Gama da Silva), Cachoeira, BA

Esculturas de Januária e Cônego Marinho, MG

Entalhe em madeira, Novo Airão, AM

Belterra, PA

Antonio Tavares dos Santos

Santeiros do Piauí, Teresina, PI

Francisco Graciano, Brejo Santo, CE

 

 

SUCATA

Acessórios em Pelotas, RS

Hélio Leites, Curitiba, PR

Getúlio Damado, Rio de Janeiro, RJ

Xiquinho da Sucata, Cabo Frio, RJ



TECELAGEM

Tecelagem de Berilo, MG

Tecelagem de Poço Verde, SE

Tecelagem de Pedro II, PI



XILOGRAVURA

Erivaldo Ferreira, Rio de Janeiro, RJ

Ciro Fernandes, Rio de Janeiro, RJ

Marcelo Soares, Olinda, PE



DIVERSOS

Garrafas de areia em Aracati, CE

Cuias de Santarém, PA

Máscaras de Papangu, Bezerros, PE

Acessórios de Oriximiná, PA

5 a 9 de setembro

Na Gira do Tempo: 65 anos do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular

Jardim do Museu da República: Rua do Catete, 179 - Catete / Rio de Janeiro - RJ, CEP 22220-000